Cosméticos fazem parte da rotina de todas as mulheres, mas já pensou poder andar na rua com um batom natural da Amazônia? Essa é a ideia por trás do batom que está sendo desenvolvido com Pigmento extraído a partir de cascas de jambos em Santarém, no Oeste do Pará, pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
A invenção conseguiu aprovação (deferimento) junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) da carta-patente de invenção intitulada “Produto cosmético para colorir os lábios baseado em pigmento extraído das cascas do fruto do jambeiro-vermelho (Syzygium malaccense)”,
A decisão foi publicada na Revista de Propriedade Industrial (RPI) nº 2664, no dia 25 de janeiro de 2022. O processo de pedido de patente, sob nº BR102017001576-9, foi iniciado pela Agência de Inovação Tecnológica (AIT) da Ufopa há cinco anos, em 25 de janeiro de 2017.
O produto tem como inventores a professora Kariane Mendes Nunes (Instituto de Saúde Coletiva — Isco/Ufopa), Leopoldo Clemente Baratto (Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFRJ), Bruna Carvalho Cantal de Souza (aluna da Ufopa) e Walberson da Silva Reatgui (ex-aluno da Ufopa, atualmente cursando mestrando na Universidade de Brasília — UnB).
De acordo com a AIT, a agência já iniciou o processo para pagamento da Guia de Recolhimento da União (GRU) referente à retribuição 212, requisito necessário para expedição de carta-patente ou certificado de adição de invenção, no prazo ordinário, o que ocorre cerca de 20 dias após a liquidação do documento.
A carta-patente é expedida e, como regra geral, as patentes de invenção têm prazo de validade de 20 anos, contados a partir do depósito do pedido junto ao INPI. Com essa concessão, a Ufopa detém, atualmente, duas patentes de invenção e mais oito certificados de programas de computador concedidos pelo Instituto.
Da planta ao cosmético
De acordo com a equipe, os frutos são separados por tempo de maturação, para obter uma cor bem homogênea. Depois são descascados e secos. É necessário ter cuidado com a temperatura de secagem, porque os pigmentos contidos nas cascas podem oxidar. O passo seguinte é moer e deixar as cascas em percolação, o que consiste em deixá-las afundadas em álcool para ir retirando o extrato, esgotando as cascas aos poucos. Depois é preciso retirar o álcool através do processo chamado rotaevaporação. Aí resta só o pigmento puro para aplicar na formulação. A intenção é retirar do composto a maior quantidade possível de elementos tóxicos utilizados em cosméticos.
O jambo é originário da Ásia e se adapta com facilidade ao clima subtropical. Após ser introduzida no Brasil, a espécie ganhou espaço, principalmente no Nordeste e Norte do país. A flor do jambeiro apresenta vários estames na cor vermelho-púrpura. O jambeiro é uma árvore que pode atingir cerca de 15 metros de altura.
Fonte: Comunicação/Ufopa, com informações da AIT