PARÁ: FUNCIONÁRIOS DE PARQUE ESTADUAL ANUNCIAM REDESCOBERTA DE MONÓLITO DE ARENITO EM MONTE ALEGRE

Funcionários do Parque Estadual Monte Alegre (Pema) fizeram, na manhã desta quinta-feira (08/07), uma descoberta muito importante para a história dos monumentos naturais existentes naquela unidade de conservação, muito relevantes para os esforços de promoção do turismo em Monte Alegre, no oeste do Pará. A descoberta representa o resgate de um evento histórico das viagens que pesquisadores, exploradores e naturalistas europeus realizaram à Amazônia, durante o século XIX e início do século passado.

A descoberta atual – na verdade, uma redescoberta – é de um monólito de arenito, com cerca de 6 metros de altura, fotografado pela primeira vez – e provavelmente a única – durante a expedição coordenada pelo explorador e geógrafo francês Henri Coudreau ao rio Maicuru, em Monte Alegre, cujo relato foi publicado na forma de livro pela esposa dele, Marie Octavie Coudreau, em 1903, em París.

A viagem ao “rio dos balateiros de Monte Alegre”, como passou a ser conhecido o Maicuru, aconteceu no período de 5 de junho de 1902 a 12 de janeiro do ano seguinte. Uma das imagens publicadas no livro de Coudreau mostra uma curiosa pedra e, sobre ela, dois homens – um deles, provavelmente, o explorador Henry Coudreau. Sobre uma base maior, ela é formada por outros três blocos de arenito. Nunca a imagem da pedra havia sido publicada por estas bandas – até 2015.

Naquele ano, Monte Alegre sediou a “Expedição Maicuru – Canoagem e Trekking no Coração da Amazônia”, que aconteceu 23 a 26 de julho daquele ano. O canoísta Pedro Paulo Sousa, coordenador do evento, foi à Biblioteca do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, em busca de informações sobre o rio Maicuru. E – uau! – lá encontrou o raríssimo livro de Octavie Coutreau “Voyage au Maycurú”, onde encontrou a curiosa pedra, entre outras imagens, 112 anos após sua publicação. E a postou em uma rede social.Desconhecida da grande maioria dos frequentadores do parque, aquela pedra passou a ser objeto de curiosidade de muitos, primeiramente do guia turístico local Ilivaldo Castro, que decidiu procura-la, a partir de dezembro do ano passado.

Por não haver qualquer indício de localização da pedra, seus primeiros esforços foram em vão. Depois, pediu apoio à direção do Pema. Nildo, Neto Uchoa, Marcelo e Carlinho Leonel se incorporaram às expedições de busca. Depois de muitas tentativas, a redescoberta do monumento natural aconteceu no início da manhã de hoje.“Ele está exatamente do mesmo jeito que há mais de cem anos”, disse-me Ilivaldo Castro, na manhã de hoje. “O cenário do local está um pouco alterado pela maior quantidade de vegetação. Mas a pedra está intacta”, comemorou, emocionado.

Entusiasmados com a descoberta, Ilivaldo e os outros “caçadores” da pedra decidiram não fazer foto nem divulgar o local exato onde ela se encontra. O que é possível dizer é que ela se localiza no alto da serra do Ererê, dentro do Pema. “Esta descoberta é uma homenagem ao doutor Nelsi Sadeck, que faleceu neste ano e foi um dos maiores defensores do patrimônio natural e histórico existente no parque”, concluiu.Mas a espera não vai demorar. A direção do Pema está organizando uma expedição ao local, no dia 18 de julho, para realizar o evento de redescoberta e nova apresentação da pedra.

Fonte: José Maria Piteira