REFUGIADOS WARAO: ESTUDO APONTA EXPECTATIVA DE INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO
Um levantamento sobre o perfil socioeconômico das pessoas refugiadas em idade ativa para o trabalho, elaborado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), analisou a empregabilidade de indígenas Warao refugiados no Pará.
Apesar da baixa escolaridade e dos baixos índices de capacitações e cursos profissionalizantes, o mapeamento revelou alta variedade de atividades laborais desenvolvidas pelos participantes na Venezuela e no Brasil, além de expectativa de inserção no mercado de trabalho em pelo menos 22 segmentos, assim como o interesse por capacitações profissionais.
O levantamento, que ouviu 142 pessoas, revelou que existem cerca de 605 indígenas Warao vivendo em oito comunidades entre os municípios de Belém e Ananindeua (PA). Desta população total, 46% são adultos em idade ativa para o trabalho, dos quais 53,26% são homens e 46,74% são mulheres. Há concentração principalmente entre as faixas de 20 a 24 anos (31, 21,8%) e 35 a 39 anos (30 pessoas, 21,1%). Em relação ao domínio de idiomas, a pesquisa constatou que 98,6% têm domínio da língua warao, 76% são fluentes em espanhol e 22,5% falam fluentemente em português.
O IEB implementa em Belém, com apoio do Acnur, o projeto “Povo das águas: trabalho, participação e meios de vida”, que busca contribuir com a inserção laboral de migrantes refugiados Warao por meio de um diagnóstico sobre as habilidades laborais e ações de formação. Lanna Peixoto, analista socioambiental do IEB, que coordena o projeto Povo das Águas, destacou os desafios e as potencialidades para inserção produtiva de indígenas Warao em Belém e Ananindeua.
“Entre os desafios, a gente vê, por exemplo, o baixo domínio do idioma local, as diferenças culturais no mercado de trabalho do Brasil e da Venezuela, a baixa escolaridade, a xenofobia e o racismo. Mas também vemos muitas potencialidades, como a diversidade cultural e de experiências de trabalho, as semelhanças geográficas entre o Brasil e a Venezuela que podem gerar uma fácil adaptação em trabalhos no campo, sem falar na abertura que essas pessoas têm para diferentes possibilidades de emprego”, afirmou Peixoto.
Fonte: Agência da ONU para Refugiados (ACNUR)
Foto: Agência Santarém