Covid-19 no Pará: Na linha de frente, infectologistas em Santarém também são vítimas da doença
Na linha de frente, infectologistas em Santarém, no oeste do Pará, também são vítimas da doença. É o que aponta o relato do médico infectologista João Assy durante entrevista concedida do Programa “Conversa” conduzido pelo jornalista Pedro Bial, exibido na madrugada desta sexta-feira, 19 de junho.
Segundo o infectologista, com 300 mil Santarém funciona como uma capital do interior entre Belém e Manaus, sendo a referência em saúde de uma área com mais de 1 milhão de habitantes, em uma área conhecida com Baixo Amazonas
No momento, atuam na área 8 infectologistas, sendo 4 no Hospital de Campanha e 2 no Hospital Regional em Santarém. Outros dois profissionais atuam no município vizinho de Oriximiná, que tem 73 mil habitantes.
“Adiantamos a formatura de médicos. Estamos em uma região onde o número de leitos, de profissionais e número de material e até o oxigênio muitas vezes falta porque depende desse aporte externo. Quando as capitais começam a utilizar mais faltam para os interiores”, analisou Assy sobre a dificuldade de atendimento na Amazônia.
Na sua equipe de médicos, o Dr. João Assy aponta que todos já foram infectados com a doença, incluindo ele, que deu detalhes da rotina intensa até mesmo durante o isolamento.
“Apenas em casa em isolamento durante 14 dias, mas tendo que trabalhar praticamente à distância, montando protocolos, fazendo capacitação usando os aplicativos de videoconferência. Basicamente, não só eu como as equipes médicas, outros profissionais de saúde, está todo mundo trabalhando no limite da escala”, relata.
Assy contou ao jornalista que muitos médicos sofrem ameaças de pacientes que querem fazer uso da cloroquina. “Médicos sofrem pressão dizendo que seriam processados, como se houvesse uma obrigação legal de um médico prescrever um remédio que ele não vê evidências científicas o suficiente para fazer a prescrição.”
Os profissionais se posicionaram por meio de uma carta aberta. O comunicado, baseado no protocolo do Ministério, desencadeou uma briga com outros médicos de diferentes áreas que acreditam na eficácia do tratamento revelando o lado político que envolve o uso do medicamento.
Com a participação Clóvis Arns da Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e Mauro Schechter, infectologista, o programa também abordou sobre as agressões virtuais e físicas sofridas pelos profissionais que seguem no combate da doença.
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