FALTA DE EMPREGO LIMITA INTEGRAÇÃO SOCIOECONÔMICA DE MULHERES VENEZUELANAS NO BRASIL
A falta de emprego limita integração socioeconômica de mulheres venezuelanas no Brasil. É o que aponta uma Pesquisa divulgada em dezembro por ONU Mulheres, ACNUR e UNFPA aponta que, enquanto apenas 2,4% dos homens venezuelanos que permanecem em Roraima possuem ensino superior completo, entre as mulheres este índice é de 10,2%. Mesmo com maior escolaridade, elas têm menos da metade das chances que os homens possuem de irem para outros estados do Brasil com a garantia de um emprego na chegada – no chamado processo de interiorização com Vaga de Emprego Sinalizada (VES).
Das mais de 66 mil pessoas venezuelanas interiorizadas desde 2018 pela Operação Acolhida, as mulheres com VES correspondem a apenas 3% dos casos, contra 7% entre os homens, de acordo com dados oficiais divulgados em janeiro de 2022.
Sem rede de apoio e com oportunidades de desenvolvimento mais escassas, as mulheres, em especial as que possuem filhos e filhas, acabam permanecendo mais tempo nos abrigos, desempenhando papeis de cuidado. Ainda segundo pesquisa divulgada pelas agências da ONU, as mulheres representam 54% da população que permanece nos abrigos em Roraima, com taxas de desemprego chegando a quase 34% – contra 28% entre os homens.
De acordo com os dados divulgados pelas agências em dezembro, enquanto o desemprego alcança 9% dos homens venezuelanos interiorizados, entre as mulheres este índice é de quase 30%. Já a informalidade laboral alcança o dobro de mulheres interiorizadas – 22% contra 11% dos homens ouvidos pela pesquisa. Esses dados refletem em uma realidade diária em Roraima: homens que são interiorizados com vaga de emprego e que deixam as esposas com as crianças nos abrigos.
Mobilização do setor privado
Para tentar mudar essa realidade, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a ONU Mulheres e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), com o financiamento do Governo de Luxemburgo, iniciaram, em setembro de 2021, o programa conjunto Empoderamento Econômico de Mulheres Refugiadas e Migrantes no Brasil. O objetivo geral do programa, com duração até dezembro de 2023, é garantir que políticas e estratégias de empresas públicas, privadas e instituições fortaleçam os direitos econômicos e as oportunidades de desenvolvimento entre venezuelanas refugiadas e migrantes.
Uma das frente do programa conjunto é o trabalho direto com o setor privado, para que oportunidades para mulheres refugiadas e migrantes sejam criadas, sem deixar de lado a promoção do trabalho decente e da proteção social. Na outra ponta, a equipe do programa conjunto também tem atuado junto à Operação Acolhida pra que os processos seletivos de empregos indicados na interiorização também passem a incluir mais mulheres.
Fonte: Agência da ONU para Refugiados (ACNUR)
Foto: Agência Santarém