Estudo aponta que Pará registrou 162 mortes ocasionadas por raios nos últimos 20 anos
Com o início do período de chuvas, também começa também a temporada de raios na região Norte, que seguirá até o mês de maio. No ano passado, foi registrada a incidência de 144 milhões raios no Brasil. Até meados de março deste ano, são esperadas mais de 60 milhões de descargas elétricas no país. Em Belém, a concentração de raios é de 15,2 por km²/ano, o que deixa a capital paraense em 301º lugar no ranking da densidade nacional e na 51ª posição estadual. Estes dados são referentes ao período 2016-2019 e foram fornecidos pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), que faz parte do Centro de Ciências do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Segundo o coordenador do Núcleo de Hidrometeorologia da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas-PA), Saulo Carvalho, a maior concentração de raios no Pará fica nas regiões norte e sudeste do Estado: “O período que compreende dezembro até maio, registra a maior incidência de raios na região Norte, em especial no Pará. No Estado, estes eventos ficam mais concentrados na porção norte e também na porção sudeste. Isso se dá pelo início do período chuvoso na porção Norte, onde há a maior formação de nuvens com trovoadas, as chamadas cumulus nimbus. Além da grande quantidade de chuva, estes eventos de tempestades vêm acompanhados por grande quantidade de raios.”
O restante do país também entra na época do ano com maior incidência de descargas elétricas, devido ao início do verão. É que, à medida que o ar úmido se aquece na superfície terrestre, mais leve ele se torna e sobe mais rapidamente para a atmosfera. Assim, quando se encontra com as temperaturas mais frias nas altitudes mais elevadas, gotículas de água e gelo se formam e se chocam dentro das nuvens, formando a eletricidade. Na região Norte, em que as temperaturas são sempre elevadas, a incidência de raios aumenta com o início do período chuvoso.
Com cerca de 78 milhões de raios por ano, o Brasil é o país com maior incidência de raios no mundo. A probabilidade de uma pessoa ser atingida por um raio é de uma em 1 milhão, em média. Mas, com tanto raio caindo no país, a cada 50 mortes causadas por raios no mundo, uma acontece no Brasil, que registra 130 óbitos por ano, no Brasil, segundo o Inpe.
De acordo com dados coletados entre os anos de 2000 a 2019, o Pará ficou em terceiro lugar entre os Estados com maior número de mortes causadas por raios, com 162 fatalidades, atrás de Minas Gerais, com 175, e São Paulo, que registrou 327 óbitos. Este levantamento elaborado pelo ELAT reuniu informações coletadas neste período pelo Departamento de Informações e Análise Epidemiológica (CGIAE) do Ministério da Saúde, veículos da imprensa e dados de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados revelam um total de 2.194 fatalidades registradas; uma média de 110 casos por ano no período. Dentre as principais circunstâncias de fatalidades, os maiores percentuais são aqueles associados a atividades de agronegócio (26%).
Quando há formação de nuvens com raios no horizonte, a recomendação dos especialistas é a de evitar lugares abertos e se abrigar em prédios, pontos de ônibus ou dentro de carros, por exemplo. Dentro de casa, é preciso se afastar de portas e janelas com grade de metal, que são condutores de eletricidade, e também é importante não usar celular ligado na tomada, se mantendo longe de objetos ligados às redes elétrica e telefônica. No trânsito, deve-se permanecer dentro do automóvel. Em casos de espaços abertos (praias, pastos, plantações, campos de futebol, etc) a dica é procurar abrigo sempre que o tempo ficar encoberto e não somente quando a chuva cair.
Saulo Carvalho dá dicas de segurança durante as tempestades e alerta para o perigo de usar celular conectado à tomada: “Como medida de prevenção, recomenda-se que, no momento da tempestade, a pessoa deve se abrigar em lugares seguros, como casas, prédios e até em paradas de ônibus. Quando estiver em casa, deve-se evitar contato com objetos metálicos, se afastar de janelas e não usar o celular com carregador plugado na tomada, até passar a tempestade.”
Fonte: Agência Pará
Foto: Arquivo / Ag. Pará