SECA NA AMAZÔNIA: FILTRO DE NANOTECNOLOGIA TRANSFORMA ÁGUA BARRENTA EM POTÁVEL

Para lidar com a crise hídrica provocada pela seca na Amazônia, uma solução inovadora vem ganhando destaque: o uso de filtros de nanotecnologia, capazes de transformar a água barrenta dos rios em água potável. Essa tecnologia está sendo fornecida através de uma parceria entre o Projeto Saúde e Alegria e a ONG Doebem, levando esperança para milhares de famílias que sofrem com a falta de acesso à água limpa, por meio de um financiamento coletivo.

Os filtros de nanotecnologia são capazes de purificar até as águas mais turvas e barrentas, removendo impurezas, bactérias, vírus e outros contaminantes, transformando-as em água potável segura para o consumo. Esse sistema, que não requer energia elétrica, é ideal para as áreas mais remotas da Amazônia, onde o acesso a infraestrutura básica é extremamente limitado.

Cada filtro tem a capacidade de fornecer água potável para uma família durante anos, representando uma solução sustentável e de longo prazo para o problema da falta de água limpa.

“Transformando água suja, barrenta em água potável. Isso vem sendo bastante útil, principalmente nesta situação de estiagem severa, onde comunidades isoladas, próximas apenas de um fio d’agua muito barrento conseguem converter aquela água em água de qualidade para consumo. São filtros de baixo custo, fácil transporte, baixa manutenção. Chega a dura cerca de dois anos e meio até 5 anos e deveriam ser escalados via políticas públicas para que essa tecnologia possa alcançar um número maior de famílias que precisam”, diz Caetano Scannavino, coordenador do Projeto.

Impacto nas Comunidades Ribeirinhas

No Pará, tradicionalmente, assim como em muitos lugares da Amazônia, essas comunidades utilizam a água dos rios para consumo. Com a situação de seca extrema, o nível dos mananciais está extremamente baixo, a água se torna cada vez mais barrenta e imprópria para consumo.

O uso desses filtros reduz drasticamente o risco de doenças relacionadas à ingestão de água contaminada, como a diarreia e outras infecções intestinais, que são comuns em regiões com pouco saneamento básico.

Atuando na região há quase 40 anos, o Projeto Saúde e Alegria desenvolve diversas atividades e tem promovido iniciativas que proporciona atenção especial com a água, por ser uma das maiores causadoras de doenças para cidades ribeirinhas. Com cidades que possuem baixíssimo nível de saneamento, o esgoto vai direto para o rio o que gera um grande perigo para as populações ribeirinhas.

“Quando essa água chega nas comunidades elas coletam do rio e bebem diretamente, isso gera muita doença, inclusive diarreia infantil, uma das maiores causas de mortalidade infantil na Amazônia. O filtro é uma alternativa para aquelas comunidades que não tiverem acesso a água, em situação de emergência, pelo menos aquela água que buscarem elas consigam usar o filtro e ter uma água limpa para beber”, destaca Eugenio Scannavino, médico e um dos fundadores do PSA.

A Comunidade Amador, às margens do rio Arapiuns, no município de Santarém, foi uma das contempladas com a nova tecnologia. O comunitário João Gomes relata as dificuldades de percorrer longas distâncias e ainda assim, ter acesso a uma água sem qualidade, o que deve mudar a partir do filtro. “Sem o Filtro era muito mais difícil. A distância para pegar a água e a gente usava essa água assim mesmo, não tinha outro jeito. Agora a gente espera que vá melhorar com esses filtros doados”, ressalta

No município de Óbidos, Ana Patrícia Palma é diretora de uma escola.  Ela reafirma a importância do projeto, que vai auxiliar na saúde dos alunos e no combate à evasão escolar. “Os moradores estão sofrendo muito com a água contaminada com barro. Temos um índice muito elevado de crianças que faltam a escola por conta de vômito e diarreia e esse filtro vem ser muito importante para nós, porque vai facilitar o andamento do nosso trabalho tanto na escola quanto na comunidade”, destaca Ana. 

Como ajudar

O Projeto Saúde e Alegria e a ONG Doebem têm atuado em conjunto para expandir o alcance dessa tecnologia, garantindo que mais comunidades ribeirinhas possam se beneficiar do acesso à água potável. A parceria tem sido essencial para ampliar a distribuição dos filtros, que são adquiridos com o apoio de doações e financiamento coletivo.

Em dois anos de atuação, o projeto já beneficiou mais de 7 mil famílias de territórios do Baixo Amazonas, Aldeias do Tapajós, Região do Combu e cidades do Rio Grande do Sul afetados pelas enchentes. A meta é alcançar 10 mil filtros doados.

Quem quiser apoiar essa causa pode contribuir com doações para a ONG Doebem ou o Projeto Saúde e Alegria, ajudando a ampliar o acesso aos filtros de água e, assim, garantindo que mais famílias tenham água potável em meio à crise.

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