RIO TAPAJÓS: ESCASSEZ HÍDRICA É DECLARADA PELA PRIMEIRA VEZ

A Agência Nacional de Águas (ANA) declarou pela primeira vez na história, em 23 de setembro de 2024, uma situação crítica de escassez hídrica no rio Tapajós, um dos rios mais importantes da Amazônia

A Agência Nacional de Águas (ANA) declarou pela primeira vez na história, em 23 de setembro de 2024, uma situação crítica de escassez hídrica no rio Tapajós, um dos rios mais importantes da Amazônia, sendo um dos principais afluentes da margem direita do rio Amazonas. O trecho afetado está localizado entre Itaituba e Santarém, no estado do Pará, e essa condição se estenderá até o dia 30 de novembro de 2024.

A escassez de água no Tapajós se deve a um longo período de chuvas abaixo da média e altas temperaturas, que resultaram em uma vazão muito baixa do rio. Essa crise afeta diretamente a navegação fluvial, fundamental para o transporte de cargas na região, já que o Tapajós movimenta anualmente cerca de 15 milhões de toneladas de mercadorias, representando 11% do volume de transporte hidroviário do Brasil.

Municípios da região poderão decretar estado de emergência ou calamidade pública para facilitar o acesso a recursos e medidas de apoio, dada a gravidade da situação. Medida similar foi adotada em outros rios amazônicos, como os rios Madeira e Purus, que também receberam declarações de escassez hídrica em 2024. A ANA ainda estuda a possibilidade de declarar a mesma condição no rio Xingu, diante de condições climáticas igualmente preocupantes.

Segundo a ANA, a declaração busca comunicar à população a gravidade da situação de seca na região, permitir que instituições gestoras e diferentes usuários de recursos hídricos no rio Tapajós adotem medidas preventivas para mitigar os impactos nos diversos usos da água e sinalizar aos usuários que a ANA, se necessário, poderá alterar regras de uso da água e adotar outras medidas.

A Agência Nacional de Águas (ANA) declarou pela primeira vez na história, em 23 de setembro de 2024, uma situação crítica de escassez hídrica no rio Tapajós, um dos rios mais importantes da Amazônia
A Agência Nacional de Águas (ANA) declarou pela primeira vez na história, situação crítica de escassez hídrica no rio Tapajós,
um dos rios mais importantes da Amazônia. (Foto: Bruno Cruz/Agência Pará)

Navegação, Biodiversidade e Comunidades Tradicionais

Além de sua importância ecológica, o Tapajós é essencial para a navegação, funcionando como importante rota de transporte de mercadorias, especialmente grãos e minérios, sendo uma via de escoamento para a exportação. Além disso, muitas comunidades ribeirinhas e indígenas dependem do rio para sua subsistência, seja pela pesca, agricultura ou abastecimento de água.

A carga transportada em 2023 foi de cerca de 14,6 milhões de toneladas, o equivalente a 11% da carga total transportada em vias interiores, destacando-se milho (45%) e soja (45%). Além de possibilitar o escoamento de cargas, os rios são as principais vias de acesso para muitas comunidades amazônicas, permitindo o deslocamento para serviços essenciais como saúde e educação.

A importância do Rio Tapajós vai além de sua função econômica; ele é parte do equilíbrio ambiental da Amazônia, contribuindo para a regulação climática, a biodiversidade aquática e a vida das populações que habitam suas margens.

Turismo

O rio banha os municípios de Belterra e Santarém e Alter do Chão, onde se localizam as praias de água doce que estão entre as mais bonitas do mundo.  Com a seca extrema, esses pontos turísticos estão sendo profundamente afetados. A queda drástica no nível da água está reduzindo as áreas de lazer e modificando a paisagem natural, que antes era marcada por uma exuberância de praias e águas cristalinas. Em Alter do Chão, por exemplo, a redução dos níveis do rio afeta diretamente a economia local, que depende fortemente do turismo. Muitos bares, restaurantes e passeios de barco, que são a base do sustento de diversas famílias, estão sentindo os impactos dessa crise.

Fotos: Bruno Cruz/Agência Pará

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