Profissão de peconheiro está entre os ofícios mais perigosos do país, aponta Tribunal do Trabalho no Pará
A profissão de peconheiro está entre os ofícios mais perigosos do país. É o que aponta um relatório elaborado pelo Tribunal do Trabalho no Pará. Além do calor e dos riscos de queda, os ribeirinhos que escalam as palmeiras para colher o Açaí também estão sujeitos a serem picados por abelhas e marimbondos ou atacados por aves que fazem ninhos na copa das árvores.
Ao descer, correm risco de empalamento devido aos troncos novos, por vezes pontiagudos, que nascem de uma mesma raiz, pouco visíveis para quem está ocupado colhendo frutas a 20 metros de altura e chegar ao hospital é um desafio.
“Para chegar do mato onde caiu até o hospital, a pessoa é manuseada umas sete vezes. Então, calcula, um indivíduo com uma fratura de coluna entra em um barco, sai do barco, sobe barreira, muda de lugar, e assim vai. A possibilidade de lesão é muito grande”, diz o médico José Guataçara Corrêa Gabriel, do Hospital Metropolitano de Belém, um dos locais mais procurados pelos ribeirinhos em situações como essa.
O tema foi abordado na matéria “VOCÊ PREFERE SEU AÇAÍ COM GRANOLA, BANANA OU TRABALHO INFANTIL?”, publicada pelo site The Intercept. Além dos riscos para os apanhadores do fruto, a investigação aponta também a utilização do trabalho infantil na cadeia produtiva, onde o Pará é o maior produtor do mundo, vendendo principalmente, para os EUA, Europa, Austrália e Japão. Grande parte da colheita é feita por menores de idade, em alguns casos em situações de trabalho análogo à escravidão.
Foto: Alessandro Falco